Quinta filha dos seis gerados pelo pastor anglicano Patrick Brontë e pela sua mulher Maria Branwell, Emily integrava uma família severa, provinciana e muito unida. Com a morte da mãe, em 1821, foi enviada, em companhia das irmãs, para um colégio para filhas de religiosos, mas, quando as duríssimas condições do internato contribuíram para a morte prematura de duas das suas irmãs, Charlotte e Emily voltaram para casa, juntando-se ao pai, ao irmão Branwell e à caçula Anne, na casa paroquial de Haworth, em Yorkshire.
Os quatro irmãos criaram um mundo rico de imaginação e fantasia, o que funcionava como um escape ao tédio puritano da religião e proporcionava um alívio à rigorosa pobreza da vida no campo. Assim, inventaram um universo barroco repleto de reinos encantados e românticos, explorando seus personagens imaginários numa imensa coleção de diários, peças, poemas e histórias. Quando se cansaram de suas próprias criações, os irmãos se deliciaram com novas descobertas feitas nos incontáveis volumes da formidável biblioteca de seu pai. A mais solitária de todos, Emily, parecia destinada a ficar em casa para sempre: diversas passagens por outros colégios internos fracassaram logo no início, pois não suportava a saudade de casa e definhava. Em 1842, no entanto, Emily e Charlotte foram estudar línguas na Bélgica. Na volta, um ano mais tarde, ambas abriram uma escola na casa paroquial, mas nenhum aluno se matriculou.
Em 1845, Charlotte descobriu casualmente poemas escondidos de Emily e percebeu imediatamente, como diria depois, que o trabalho da irmã possuía “uma música especial – selvagem, melancólica e elevada”. Por insistência de Charlotte, as três irmãs compilaram uma seleção de poemas, publicada em 1846 sob pseudônimo de Currer Bell (Charlotte), Ellis Bell (Emily) e Acton Bell (Anne). Apesar das vendas desencorajadoras, Emily e Anne entusiasmaram-se com a publicação conjunta, e cada uma começou a escrever romances. O primeiro a aparecer foi “Jane Eyre”, de Charlotte, publicado em outubro de 1847, seguido por “O Morro dos Ventos Uivantes”, de Emily, dois meses depois, e “Agnes Grey”, de Anne. Mas o fim dessa família notável aconteceu rapidamente. Branwell sucumbiu ao alcoolismo em setembro de 1848. Emily morreu de tuberculose em novembro, seguida por Anne, em julho do ano seguinte e por Charlotte em 1855.