Richard Francis Burton foi um escritor, tradutor, linguista, geógrafo, poeta, antropólogo, orientalista, erudito, explorador, agente secreto e diplomata britânico.
Das explorações e aventuras como agente e estudioso na Ásia e África aos escândalos e controvérsias que permearam sua vida, Burton é sem dúvida uma das personalidades mais extraordinárias e fascinantes do século XIX. Falava 29 idiomas e vários dialetos, sendo perito na arte do disfarce, o que possibilitou-lhe nos seus anos de militar na Índia e em Sindh viver entre os povos do Oriente, os quais registrou em uma série de livros. Estudou os usos e costumes de povos asiáticos e africanos, sendo pioneiro em estudos etnológicos. Viajou à cidade sagrada de Meca, mortalmente proibida a não muçulmanos, disfarçado de afegão, e junto com John Haning Speke explorou a região dos Grandes Lagos africanos, sob a alegação de buscar as nascentes do Nilo, mas com o verdadeiro propósito de levantar um conjunto de informações sobre os possíveis recursos da África Central e intertropical.
Burton possuía uma natureza explosiva e irascível. Ao longo de sua vida foi ao mesmo tempo um brilhante linguista e aventureiro temerário, bem como uma figura complexa e polémica. Traduziu obras clássicas que contribuiriam para ampliar a visão ocidental sobre o sexo. As mais conhecidas foram o “Kama Sutra” (1883); o livro das Mil e Uma Noites, sob o título “Noites Árabes” (1885), cuja tradução causou frenesi entre os vitorianos devido a uma série de notas polémicas consideradas, e também por seu erudito “Ensaio Final”, onde apresenta a história, os usos e costumes, os princípios e a religião de vários povos, além de relacioná-los com outras culturas. Traduziu também “Os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões, para o inglês, em 1880.
Em 1886, Burton foi agraciado com o título de cavaleiro pela Rainha Vitória, por seus serviços prestados a Inglaterra, e recebeu o consulado de Trieste, em 1872, como um exílio, comparando-se ao poeta latino Ovídio quando este havia sido banido por sustentar opiniões impopulares. Não pode-se deixar de fazer uma analogia entre o nome Trieste e a obra de Ovídio composta no exílio, “Os Tristes”. Na manhã de 20 de outubro de 1890, Burton faleceu vítima de um ataque cardíaco.