“Considerada uma das maiores, e melhores, obras da Literatura, A Divina Comédia atravessa os tempos sempre renovada
O divino Dante está para a Língua Italiana como Camões está para a Língua Portuguesa. Ambos foram os grandes artífices desses idiomas, e escreveram obras consideradas exemplos sublimes da técnica poética: A Divina Comédia, no século 14, e Os Lusíadas, no século 16, respectivamente.
A Editora Landmark, em consórcio com o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas e o Ministério da Cultura de Portugal, trouxe nova edição, bilíngüe, da obra máxima de Dante Alighieri. A Divina Comédia chega com introdução e notas de Vasco Graça Moura, também tradutor de fino senso lírico. O florentino Dante (1265-1321), obrigado a casar-se com Gemma Manetto Donati aos 12 anos, segundo os costumes da época, teria conhecido Beatrice Portinari, por quem se apaixonou, aos nove (ela teria oito). Supostamente tornou a ver sua Beatriz aos 18, segundo consta – é difícil separar a lenda dos fatos – de modo que seu coração já pertencia a outra quando, menino ainda, contraiu matrimônio. Mas, além da mítica que envolve o suposto relacionamento platônico, ainda que tenha morrido aos 24 anos, Beatriz foi a musa da realização da obra. Desde as orbes celestes, Beatrice vai ao limbo para pedir ao falecido poeta romano Virgílio (70 a.C.-19 a.C.) que desça à Terra e acompanhe o amado Dante na viagem mais absoluta que alguém pode fazer.
O autor de Eneida a obedece, e o encontra. Assim, Virgílio o conduz ao Inferno e ao Purgatório; finda a dura jornada, Dante encontra-se com Beatriz, que o levará ao Paraíso, onde ele e a amada vêem a Deus em toda a sua glória. O poema é constituído por 100 cantos e três livros: “Inferno”, “Purgatório” e “Paraíso”, o primeiro com 34 cantos e os dois últimos com 33. A bela tradução de Vasco Graça Moura honra a obra do grande florentino. Na introdução escreve um ensaio sobre a arte a que se propõe: “Traduzir Dante: uma aproximação”. Raras são as oportunidades de conferir uma obra tão magistral, infinita em seus aspectos simbólicos e filosóficos, perfeita em sua forma, divina em seu conteúdo. Nunca se acaba de ler A Divina Comédia. A obra sempre nos ultrapassa com seu vertiginoso apelo imagético, com suas melodias requintadas, com seus descaminhos que sintetizam o ser e o estar no cosmo.
Se você já leu, leia de novo. Se não, confira.”
DISCUTINDO LITERATURA