“O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde com nova tradução e edição bilíngüe pela Editora Landmark.

“”Minha análise da alma, da psique humana, leva-me a crer que o ser humano não é verdadeiramente um, mas verdadeiramente dois. Um deles esforça-se para alcançar tudo que é nobre na vida. É o que chamamos de lado bom. O outro, quer expressar impulsos que prendam-no a obscuras relações animais com a terra. Esse é o que podemos chamar de mal…”

Foi com um trecho do livro que Fredric March (1897-1975) recebeu o Oscar de melhor ator pela atuação no filme “O Médico e o Monstro” (Dr. Jekyll e Mr. Hyde), em 1932.

Escrito em 1886 pelo escocês Robert Louis Stevenson, o clássico conta a história de Utterson, um advogado que acompanha os horrores acontecidos em Londres no final do século XIX por um misterioso homem que comete crimes e provoca a polícia metropolitana. O clima sombrio da capital inglesa contorna a história e dá o tom de mistério, pois mesmo durante o dia, a nevoa deixa a cidade escura, transformando os transeuntes em vultos.

O contexto histórico do país também é transcrito na trama: avanço nas pesquisas e experimentos científicos, êxodo rural devido a Revolução Industrial que ali se instalara, contraste econômico, centro urbano em estado de caos, fumaça, poluição e aumento dos índices criminais, motivo pelo qual em 1829 foi criada a Scotland Yard, considerado por muitos, sua primeira citação na literatura. Pode-se afirmar que em meio a esta conjuntura, o lado tenebroso da sociedade vitoriana e a dualidade do homem foram discutidas na obra prima de STEVENSON, O ESTRANHO CASO DO DR. JEKYLL E DO SENHOR HYDE, publicado pela EDITORA LANDMARK com nova tradução e em edição BILÍNGÜE.

Contemporâneo do assassino em série Jack, o Estripador e de Mary Shelley, autora de Frankenstein e O ÚLTIMO HOMEM (Editora Landmark, R$51,50), a dualidade do Dr. Jekyll e Mr. Hyde influenciaram grandes produções, seja nos quadrinhos, por meio da Marvel Comics, na pele do Homem-Aranha e do O Incrível Hulk – transição homem comum/criatura – ou nas telas da TV e do cinema, com inúmeras adaptações e releituras, entre elas os homônimos de 1932 e 1941, o primeiro que levou o Oscar de melhor ator a Fredric March e o segundo que levou às telas a estrela Ingrid Bergman, respectivamente. As releituras Mary Reilly (1996) com Julia Roberts e John Malkovich, O Professor Aloprado (1963) de Jerry Lewis e seu remake em 1996, com Eddie Murphy e a animação O Coelho e o Monstro, do Pernalonga (Bugs Bunny) da série Looney Tunes fizeram bastante sucesso levando às telas a mesma temática de STEVENSON sob um novo olhar. No Brasil, o grupo Os Trapalhões, em pleno auge e com sua formação completa, lançou o filme “O Incrível Monstro Trapalhão”, em 1980, uma paródia à obra escocesa e aos super-heróis de histórias em quadrinhos.

A questão de todos terem em si o bem, cristalizado em condutas corretas e morais, e o mal, quando as convenções sociais são abstraídas e atos condenáveis são cometidos, é um tema atual e aplicável em diversos setores da vida, talvez seja este um dos motivos que torna O ESTRANHO CASO DO DR. JEKYLL E DO SENHOR HYDE um clássico imortal da literatura, afinal, quantas vezes nos deparamos com várias faces de uma mesma pessoa? A respeito do tema, o médico e escritor inglês Theodore Dalrymple afirma: “mesmo pessoas iletradas, que nunca leram um livro em suas vidas, fazem uso de Jekyll e Hyde enquanto metáfora”, (The New Art Criterion, v. 23, nº 01, 2004).

Quando vivo, o autor foi uma celebridade, mas a partir da literatura moderna, Stevenson passou a ser visto como um escritor de segunda classe, limitado aos gêneros infantis e de terror. Não foi mencionado no Oxford Anthology of English Literature, em 1973, tão pouco no Norton Anthology of English Literature, de 1968 a 2000. Hoje Stevenson foi reavaliado e teve sua importância reconhecida como escritor, crítico e ensaísta. Ele é tido como inspirador de Joseph Conrad e Henry James (A Volta do Parafuso, Editora Landmark, R$29,80), que realizou amplos estudos acadêmicos sobre sua obra. Stevenson permanece popular por todo o mundo, sendo um dos autores mais lidos e traduzidos segundo o Índex Translationum, organizado pela UNESCO, à frente de Oscar Wilde, Charles Dickens e Edgard Allan Poe.”

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