L”Rudyard Kipling (1865-1936) tinha em suas narinas um aroma de exotismo, nascido que foi na Índia do Raj, de pais ingleses – mas sempre disposto a ver o mundo de umjeito diferente daquele do colonizador. Ganhou o Nobel de Literatura por obras de apelo popular como O Homem que Queria Ser Rei e Mowgli, o Menino Lobo, sem falar daquele poema Se… que não há vestibular que o ignore. Depois do Nobel em 1907 e da morte prematura de um filho, Kipling praticamente se aposentou, mas abriu exceção para longas viagens de navio, a conselho médico, entre 1925 e 1927, o Brasil incluído – experiência que ele narrou em detalhes. As Crônicas do Brasil (Brazilian Sketches, na edição bilíngüe da Landmark, 144 págs., R$ 22,50) apresentam aquela casualidade virtuosa de um grande escritor e de um grande curioso. As fazendas de café de São Paulo, a fabulosa ferrovia que escalava montanha (a Santos-Jundiaí), uma fazenda de serpentes (o Butantã), a montanha que espreita, se antecipa e se movimenta para aturdir o viajante desavisado no Rio (o Pão de Açúcar). Uma delícia de narrativa.
“REVISTA CARTA CAPITAL