Lançado no final do ano passado, em edição bilíngüe, pela Landmark, O Último Homem é leitura obrigatória para quem curte os escritos da criadora de Frankenstein. Em “O Último Homem” (The Last Man), livro escrito em 1826 e publicado na Inglaterra em três volumes, a escritora britânica Mary Shelley constrói uma visão do futuro, descrita a partir de um manuscrito profético. Ambientado no século XXI, o romance é narrado por Lionel Verney, o único sobrevivente que conta a história dos últimos momentos da humanidade, destruída por uma praga que mata, gradualmente, homens e mulheres. Entre os seis personagens da trama podemos encontrar uma verossimilhança entre Lorde Byron e Percy Shelley, amigo e marido respectivamente, cristalizados sob forma fictícia em Lorde Raymond e Conde Adrian. Escrito e publicado logo após a morte do marido da autora, é um conto de fadas para adultos, com cenas de batalhas vividamente descritas, mortes por pragas incuráveis e amores ardentes, no qual Mary Shelley reinventa o que ela lamenta ser a perda de todas as características de qualidade na literatura. O balonismo, por sua figura simbólica que remete a razão e ao progresso científico de seu tempo, e, sobretudo, à Revolução Francesa, é o tema tecnológico central descrito no livro. Ao contrário da comum associação do gênero a termos e invenções futuristas, é notável a ausência de tais elementos na trama criada pela autora. A obra também influenciou grandes escritores de ficção-científica e deu início a um movimento cujos expoentes são H. G. Wells, Asimov e Arthur C. Clark.
JORNAL DA CIDADE, ARACAJU SE