“Com apenas oito anos ela começou a tomar medicação para controlar a alteração de humor causada pela hiperatividade. Na adolescência, rendeu-se ao álcool e, aos 25 anos, passou a usar cocaína. Hoje, aos 39 anos e recuperada do vício, Darléa Zacharias conta no livro “”Drogas – O árduo caminho de volta””, lançado em fevereiro pela Editora Brasport, a trajetório de adicção que quase lhe custou a vida.
Overdose, internações em hospícios, abandono da família, paralisia facial e desintegração de sua personalidade fizeram parte da realidade da ex-dependente. Uma vez livre das drogas, Darléa resolveu levar para o papel a troca de experiências que já tem na internet. No site de relacionamento Orkut ela fala sobre as dificuldades que encontrou e oferece apoio àqueles que também são afetados pelo vício, sejam eles parentes ou os próprios usuários.
Vale lembrar que duras histórias como a de Darléa, que também viraram livros, já inspiraram filmes de sucesso. “Meu nome não é Johnny” é o relato de João Guilherme Estrella, jovem bem-nascido da Zona Sul carioca que, de usuário, rapidamente passou a um dos maiores traficantes de cocaína do Brasil, nos anos 90. O jovem passou por um manicômio e ficou preso durante dois anos. Hoje, Estrella é produtor musical. O livro que conta sua história, escrito pelo jornalista Guilherme Fiúza, foi usado como base para o filme homônimo, dirigido por Mauro Lima e estrelado por Selton Mello. A história foi sucesso de público, levando 2,1 milhões de pessoas aos cinemas em 2008.
O sofrimento vivido pelo escritor paranaense Austregésilo Carrano Bueno também foi transformado em livro e, posteriormente, levado ao cinema. A autobiografia “”Canto dos Malditos”” conta as diversas passagens de Bueno por hospícios do Paraná e de São Paulo, depois que foi internado à força pelo pai, aos 17 anos, quando ele descobriu uma trouxa de maconha em sua jaqueta. O relato chegou a ser recolhido das livrarias em 2002, depois que familiares de um dos médicos citados no texto alegaram calúnia e injúria. Com nomes falsos, a autobiografia voltou às prateleiras. Bueno, que faleceu em maio de 2008, empenhou-se até o final de sua vida à reforma do tratamento de unidades psiquiátricas, e foi um dos artífices da elaboração da Lei Federal de Reforma Psiquiátrica, aprovada em 2001. Sua história foi imortalizada no cinema por Rodrigo Santoro, no filme “”Bicho de sete cabeças””, dirigido por Laís Bodansky.
(*): Patricia Royo é estudante de jornalismo, integrante da turma 2009 do programa de estágio do Jornal O Globo ”
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