“Embora não seja o primeiro romance escrito por Jane Austen, RAZÃO E SENSIBILIDADE foi o primeiro de seus romances a ser publicado, em 1811, sendo que o título original da obra era Elinor and Marianne e era escrito sob a forma de um romance epistolar. Revisto alguns anos depois, Jane Austen alterou o título e a estrutura da narrativa, mantendo entretanto o seu tema central: a necessidade de se encontrar um meio termo entre a paixão e a razão.

O lançamento de RAZÃO E SENSIBILIDADE apresenta pela primeira vez a obra de Jane Austen em uma inédita edição bilíngue, resgatando toda a importância desta magnífica obra de uma das maiores escritoras inglesas.

O enredo, embora simples, não deixa de ser profundo e questionador: a história se estrutura em torno das irmãs Dashwood, Elinor e Marianne, que na Inglaterra dos últimos anos do século XVIII, ficam desamparadas com a morte do pai, cujas propriedades são deixadas como herança para um filho do primeiro casamento, obedecendo-se às leis inglesas. Bonitas, inteligentes e sensíveis, as irmãs Elinor e Marianne, sua mãe e sua irmã menor, Margareth, mudam-se para um chalé oferecido por um parente distante. Sem dotes a serem oferecidos para seus casamentos, Elinor, o arquétipo austeano da razão, e Marianne, o da sensibilidade, têm pouca oportunidades de conseguir um bom casamento, mas a grandeza de seus sentimentos – a sinceridade e a fidelidade do coração de ambas – se revela importante contra a hipocrisia de uma sociedade preocupada apenas com os bens materiais.

Jane Austen é uma mestra em expor as sutilezas do jogo que se estabelece entre nobres insensíveis, a classe média ambiciosa e o casamento como meio de enobrecimento. Nada nos autoriza a dizer, como se tem visto, que é apenas um romance sobre “intrigas domésticas” ou sobre “uma irmã racional e outra sentimental”. Ao contrário, é apresentada uma questão sempre relevante e recorrente nos romances de Jane Austen: será que o que parece útil a curto prazo vale a pena ser vivido a longo prazo? Será que a ambição pode garantir verdadeiramente conforto e riqueza maiores? Aqueles que seguem apenas os seus sentimentos podem ter melhores resultados? É o que parece dizer Jane Austen, entre as tantas observações, comentários e descrições apresentadas ao longo da trama, concluindo que a virtude ainda é necessária e que as boas intenções não são necessariamente vitimadas, quando todos mais se mostram ambiciosos.

Essa obra é um retrato mordaz de tipos interesseiros, cujo objetivo de vida é enriquecer e projetar-se socialmente.

A adaptação mais recente da obra para o cinema ocorreu em 1995, sob direção do cineasta Ang Lee, e com roteiro adaptado por Emma Thompson, que interpreta Elinor Dashwood. Recebeu sete indicações para o prêmio da Academia de Artes e Cinema Americana, sendo vencedor por Melhor Roteiro Adaptado. É considerada uma das melhores adaptações das obras de Jane Austen para o cinema, por não explorar o sentimentalismo barato e pela ótima atuação do elenco, bem como pela direção de Ang Lee, que conduz a trama com maestria. ”

REVISTA IDENTIDADE ACADÊMICA E CULTURAL (UFAM)