“Blog dedicado ao Grupo de Leitura “”Porque hoje é sábado””, coordenação Profa. Dra. Léa Masina
Algumas peculiaridades sobre as traduções de “O retrato de Dorian Gray” no Brasil merecem destaque. Interessante ressaltar, por exemplo, o papel do Jornalista e escritor João do Rio (João Paulo Emílio Cristovão dos Santos Coelho Barreto) na difusão da obra de Wilde em nosso país. Em 1903, descobre Oscar Wilde. Deslumbrado, encomenda, em seguida, suas obras ao livreiro Crashley. As obras eram condenadas na ocasião, portanto raras- e de alto valor. João do Rio traduziu e difundiu o trabalho de Oscar Wilde no Brasil: Salomé; Intenção, O Retrato de Dorian Gray e O Leque de Lady Windermese. Foi um dos primeiros escritores brasileiros a publicar artigos sobre Wilde, no número de abril de 1905 na revista A Renascença, sob o título Breviário do Artificialismo.
Sobre o jornalista, escritor e primeiro tradutor de Oscar Wilde, João do Rio, refere-se que nasceu no Rio de Janeiro em agosto de 1881. Iniciou sua atividade no jornalismo aos 16 anos e, aos 18, chegou à redação do jornal Cidade do Rio. Na década de 1920, fundou “”A Pátria e o vespertino Rio Jornal””. Em 1908, escreveu “”A alma encantadora das ruas””, uma de suas obras mais celebradas. Em 1910, entrou para a Academia Brasileira de Letras. João do Rio faleceu aos 39 anos, em junho de 1921.
Outro aspecto interessante sobre as traduções de “O retrato de Dorian Gray” no Brasil refere-se à adaptação feita por Clarice Lispector. Em 1973, a escritora perde a coluna em que escrevia no “Jornal do Brasil” desde 1967 (fonte: http://www.releituras.com/clispector_bio.asp), e passa a trabalhar como tradutora para compensar a perda do espaço. Em 1974, traduz “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, adaptado para o público juvenil, entre outras obras. A tradução de Clarice foi publicada pela Ediouro (RJ), e está incluída na coleção de Clássicos Adaptados da editora, sob assunto “Literatura Juvenil”.
A salientar, ainda, outra peculiaridade sobre as traduções de “O retrato de Dorian Gray”: a tradução da primeira versão escrita pelo autor. Oscar Wilde publicou a obra inicialmente no periódico norte-americano Lippincott’s Monthly Magazine, em 20 de junho de 1890, versão que foi publicada no Brasil pela Editora Landmark, em 2009, em edição bilíngüe. Nesta, são apresentados os 13 capítulos originais publicados pela revista norte-americana, sem as alterações posteriores de 1891, que a editora Inglesa Ward, Lock and Company exigiu para lançá-lo no mercado britânico em versão mais “amena”, com a trama suave e a relação de Gray com os demais personagens mais moderada em relação à primeira, conforme divulgação da Editora Landmark. De acordo com a mesma divulgação, também, a tradução da primeira publicação, de 1890, resgata a obra em sua forma original e oferece ao público a versão mais densa, explícita e polêmica do romance de Wilde. A tradução pela Ed. Landmark foi realizada por Marcella Furtado.”
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