“Astro de “”Crepúsculo”” é confrontado com a questão: que sobrevida poderá ter para além da fantasia das garotas?

ALCINO LEITE NETO, DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

É evidente que “”Bel Ami – O Sedutor”” está de olho na legião mundial de fãs do ator Robert Pattinson.

Não vale a pena fazer disso um cavalo-de-batalha. Trata-se de uma tática comercial tão antiga quanto o próprio cinema. Até mesmo o conceituado David Cronenberg escalou Pattinson para seu novo filme, “”Cosmópolis””.

O que interessa é entender por que os britânicos Declan Donnellan e Nick Ormerod decidiram adaptar um clássico francês de 1885, quando poderiam ter filmado uma banal trama adolescente, bem ao gosto da plateia de “”Rob”” Pattinson.

Donnellan ressaltou a atualidade desse romance excepcional de Guy de Maupassant sobre o pé de chinelo Georges Duroy, que ascende na alta sociedade recorrendo aos únicos bens que possui: ambição e dotes físicos.

De fato, o livro ainda tem muita coisa a nos dizer, ao tratar, por exemplo, das manipulações urdidas pela imprensa sensacionalista, da especulação financeira e da exploração comercial das guerras.

Esses temas pontuam o filme, mas é outro o interesse do roteiro de Rachel Benette, de visada bem feminina: como a beleza de Duroy o exclui do mundo dos machos e o destina ao convívio das mulheres, em cujos salões e camas ele encontra abrigo e pratica sua vontade de poder.

Esta é também a questão colocada pelo filme ao próprio Pattinson: que sobrevida ele poderá ter como ator para além das fantasias das garotas?

“”Bel Ami”” é, portanto, um teste de maturidade para Pattinson, que se esforça bastante para vencer o desafio (apesar das caretas e caricaturas), tanto mais por estar confrontado com atores de alto nível, como Uma Thurman e Kristin Scott Thomas.

É justamente na direção dos atores que se saem melhor Donnellan e Ormerod, oriundos do teatro londrino.

É o primeiro filme que dirigem, e vale ressaltar que cumpriram a encomenda com segurança, cuidado e vivacidade, apesar da linguagem convencional, quando não acadêmica. “FOLHA DE SÃO PAULO