“””Sementes da Razão””, romance inédito do escritor Celso Abrahão
É a época de entusiasmos generosos por tudo o que é belo e grande na ordem intelectual, moral, literária e artística.
O século XIII foi o período mais brilhante da Idade Média e, em nenhuma outra época, a influência da Igreja foi tão vasta, tão profunda e tão eficaz. A história registrou tiranias e vinganças, aponta crimes e atrocidades, que seria pueril querer ocultar ou justificar, mas, qual século não os praticou? Que montam estas sombras diante das luzes de uma grande civilização feita mais de grandeza moral e de elevação das almas do que de progresso material? É também o auge do Feudalismo, o início do renascimento comercial, onde a sociedade era dividida entre senhores donos da terra e servos, aprisionados à sua condição, a trabalhar a terra e a pagar vários tipos de corveia.
É a época de entusiasmos generosos por tudo o que é belo e grande na ordem intelectual, moral, literária e artística. Na Arquitetura, é o século das grandes catedrais de Colônia, Chartres, Reims, Auxerre, Amiens, Salisbury e Westminster, nas quais o gênio, sublime na humildade obscura e anônima, elevou monumentos dignos da grandeza daquelas almas e simbolicamente expressivos, a representar o esguio das flechas, o aprumado das torres, a esbelta elegância das colunas que simetricamente se elevam quais orações ao alto, mãos postas nos arcos ogivais.
É nessa sociedade de lutas e atribulações, de crises e de fé, que na cidade real de Reims, um grupo de artesãos e artistas livres, libertos do estado de pobreza e serventia, tem que lutar para manter acesa a chama viva de seus ideais e de suas conquistas. É em Reims, a cidade das coroações, onde cristãos, judeus e muçulmanos convivem, que nasce um dos maiores templos da Cristandade e onde SEMENTES DA RAZÃO é ambientado, mas SEMENTES DA RAZÃO não é um livro para simplesmente ser lido.
Para descobri-lo inteiramente é necessário decifrá-lo, deixando-se envolver por todo o fascínio, os mistérios e os segredos contidos na arte de construir uma catedral gótica, representante máxima do esplendor da arquitetura e da religiosidade medievais. No cenário histórico da França do século XIII, personagens reais e fictícios têm suas vidas entrelaçadas na difícil tarefa de tentarem edificar um templo para o sagrado, um templo para ser digno da morada de Deus na terra. Uma trama envolvente, uma aventura inusitada, enfatizando as virtudes, os vícios, as incertezas, os medos e a esperança sempre renovada de pessoas irremediavelmente aprisionadas ao absolutismo político e teocrático da Idade Média. Um romance sobre uma época de compromissos e fidelidade, sobre antigas tradições e sobre os pedreiros-livres que nos faz viajar no tempo e surpreendentemente constatar que os costumes e os valores orientados pelo ideário e pelo imaginário medievais, aparentemente tão remotos, ainda persistem arraigados em nossos corações e mentes.
CELSO ABRAHÃO: Escritor, palestrante e dramaturgo brasileiro, natural de Jacareí (SP), onde reside e trabalha. É autor da peça teatral LONDRES, 24 DE JUNHO DE 1717 e co-autor da peça teatral JOSÉ BONIFÁCIO E GONÇALVES LEDO: O REENCONTRO. Apaixonado pelos grandes momentos da História, tem elaborado suas obras com base na ficção histórica, intercalando ficção e realidade de forma magistral. Tem também se especializado na ficção e pesquisa com vias à História da Arquitetura, com ênfase no período gótico europeu, com inúmeras palestras sobre o assunto. É também médico, especialista em oncologia, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cancerologia. “JORNAL TRIBUNA NEWS (MS)