“REVOLUCIONÁRIO PARA A ÉPOCA, FINAL DO SÉCULO 19, GANHA TRATAMENTO DE BEST SELLER COM PREÇO POPULAR

Luiz Fernando Vieira, da Redação

O romance Moby Dick, considerado obra-prima de Herman Melville, nem sempre experimentou esse status. No final do século 19, quando foi publicado pela primeira vez, não conquistou críticos e nem leitores. Mas a partir da primeira década do século seguinte passaria a ser apontado como um dos grandes clássicos da literatura norte-americana. Desde então, volta e meia alguma editora o relança, ajudando a perpetuá-lo. Algumas vão além, como a Landmark, que acaba de lançar uma edição de luxo bilingue – tradução de Vera Silvia Camargo Guarnieri – com capa dura, só que com preço mais popular.

Uma das obras máximas do Romantismo norteamericano, Moby Dick, do norte-americano Herman Melville, foi publicado originalmente em 3 fascículos com o título A Baleia, em Londres, em 1851, e ainda no mesmo ano em Nova York em edição integral. Somente a partir de sua segunda edição ele passou a ter o título definitivo, Moby Dick. O autor tomou como base inspiradora a história do capitão George Pollard e de seu navio baleeiro Essex que, em 1823, foi atingido por uma baleia antes de naufragar. Pollard e sua tripulação boiaram no mar sem comida ou água por 3 meses, e recorreram ao canibalismo antes de serem resgatados.

O livro foi revolucionário para a época, com descrições intricadas e imaginativas das aventuras do narrador Ismael, suas reflexões pessoais e grandes trechos de não-ficção, sobre variados assuntos, como baleias, métodos de caça, tradições navais, detalhes sobre as embarcações, funcionamentos e armazenamento de produtos extraídos das baleias. O narrador de Moby Dick, Ismael, é um jovem aventureiro com experiência na marinha mercante, que por problemas financeiros decide voltar a navegar a bordo de um navio baleeiro, já que a riqueza com a caça de baleias era abundante. De igual forma se convence de que suas aventuras devem começar por Massachussets, região famosa por sua indústria baleeira. Antes de iniciar sua viagem inicia uma estranha amizade com um arpoeiro polinésio, Queequeg. Ambos seguem viagem no baleeiro Pequod, com uma tripulação formada pelas mais diversas nacionalidades e raças. O Pequod é comandado pelo misterioso e autoritário capitão Ahab, um experiente marinheiro, cuja perna mutilada foi decepada por uma baleia. Depois de vários dias sem ser visto, o misterioso Ahab surge no convés e revela a sua tripulação que o objetivo primordial da viagem, além da caça às baleias em geral, é a perseguição a Moby Dick, enorme mostro marinho que o privou de sua perna e que possui a fama de causar estragos a vários baleeiros que, ousados ou imprudentemente, tentaram caçá-la

Simbolismo – Apesar de tantas qualidade e da história cativante, a obra foi inicialmente mal-recebida pela crítica literária, assim como pelo público, mas com o passar do tempo tornou-se uma das mais respeitadas obras da literatura em língua inglesa. A fama de Moby Dick e a revisão de sua importância e sua inclusão como parte do Cânone Ocidental da Literatura viria a partir da década de 1910, com a revisão literária realizada por Carl Von Doren e a publicação da obra Studies in Classic American Literature, elaborado pelo escritor, ensaísta e poeta britânico D.H. Lawrence, em 1923. Inspirado pelas experiências pessoais do autor e por outros acontecimentos que marcaram o período, Moby Dick representa, além de uma complexa narrativa de ação, uma profunda reflexão sobre o confronto entre o homem e a natureza, ou segundo alguns especialistas, entre o homem e o Criador, reforçada pela “universalidade” dos tripulantes do navio Pequod, o que sugere uma representação da Humanidade. Obra de profundo simbolismo, Moby Dick inclui referências a temas diversos como religião, biologia, idealismo, pragmatismo e vingança.”A GAZETA DE CUIABÁ (MT)