Maria Graham, Lady Callcott (nascida Dundas; 19 de julho de 1785 – 21 de novembro de 1842), foi uma escritora, ensaista, pintora, historiadora e ilustradora britânica, famosa pelos seus relatos de viagens, relatos históricos, obras sobre pintura e livro infantil. Nascida no seio de uma família escocesa de militares da marinha real britânica, seu pai, George Dundas (1756–1814), comandou uma série de vasos de guerra durante as Guerras Napoleônicas.
Aos 23 anos, em 1808, Maria Graham mudou-se com a família para a Índia Britânica onde ela viria a conhecer seu primeiro marido, Thomas Graham, um jovem oficial escocês da marinha britânica. Casaram-se em 1809 e retornaram para a Inglaterra em 1811, onde Maria Graham viria a publicar o seu primeiro livro “journal of a residence in india”, segundo por uma publicação epistolar chamada “letters on india”. Durante os comissionamentos de seu marido, Maria Graham o acompanhava o que lhe possibilitou grande contato com outras culturas e estudos sobre as artes. Em 1821, seu marido seria nomeado comandante da fragata de guerra inglesa, o “Doris”, com o objetivo de garantir proteção aos navios mercantes ingleses ao longo da costa do Chile. Foi nesta viagem que ela entrou pela primeira vez em contato com o Brasil e os acontecimentos que levariam à sua independência durante alguns meses entre o final de 1821 e 1822. Durante a parada, seu marido adoece de febre e acaba por falecer, junto da costa da cidade de Valparaíso, antes de seu destino final, Santiago do Chile. Durante esta viagem, escreve “JOURNAL OF A RESIDENCE IN CHILE DURING THE YEAR 1822 AND A VOYAGE FROM CHILE TO BRAZIL IN 1823” e “JOURNAL OF A VOYAGE TO BRAZIL, AND RESIDENCE THERE, DURING PART OF THE YEARS 1821, 1822, 1823”, que seriam publicados na Inglaterra, em 1824.
Quando de sua viagem de retorno para Inglaterra, desde o Chile, em 1823, fixaria residência durante curta, porém profícua estadia, na capital do Império, na cidade do Rio de Janeiro, onde acompanharia os desdobramentos após a independência brasileira. Lá, inicia convívio com a família imperial, sendo indicada para o cargo de preceptora da princesa Maria da Glória, futura rainha Maria II de Portugal, cargo que ocuparia durante os anos de 1824 e 1825. Após retornar para a Inglaterra, viria a se casar com o pintor inglês Augustus Wall Callcott (1779-1844), em 1827, iniciando uma série de viagens pela Europa, onde ela iniciaria estudos sobre artes, pinturas e arquitetura, principalmente as de artistas alemães, franceses, italianos e espanhóis; contudo, em 1831, um acidente vascular cerebral a deixaria inválida, impedindo que continuasse as suas viagens de estudo. Em 1837, Callcott receberia o título de cavaleiro do império e Maria Graham passaria a ser conhecida por Maria, Lady Callcott. Com a deterioração de sua saúde, Maria Graham viria falecer aos 57 anos em Londres, estando sepultada no cemitério Kensal Green Cemetery.
Maria Graham deixou um legado valioso por meio de suas contribuições literárias e observações perspicazes sobre a sociedade e os acontecimentos do período. Sua obra possui grande relevância, particularmente para o estudo da história e da sociedade brasileiras, durante os anos e os acontecimentos que culminariam com a independência do Brasil. Apesar da visão eurocentrista e crítica com relação à sociedade brasileira, sua grande habilidade e capacidade de coletar informações, sejam econômicas, políticas ou sociais, contribuiu para o registro da vida cotidiana e política, principalmente com relação às províncias de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, as quais visitou. Mesmo diante da condição de estrangeira e de mulher, numa época onde o acesso às informações era reduzido, ela teve garantido acesso livre aos principais atores políticos da época, incluindo a família imperial, diversos ministros do Império, dentre eles José Bonifácio de Andrada e Silva e demais membros do seu clã, além de proeminentes personalidades estrangeiras residentes no Rio de Janeiro, como comerciantes, membros dos corpos consulares de diversas nações e figuras de relevância, das quais Lorde Cochrane, almirante e comandante-em-chefe da armada brasileira, era um dos seus principais nomes.