Descrição
CAFÉ, FERRO E ARGILA analisa com propriedade esses aspectos e traz à luz, a partir de documentação até agora pouco conhecida, entre outros aspectos relevantes, e completado com a reprodução de importantes documentos administrativos e técnicos da companhia esclarecendo as diretrizes adotadas por seus dirigentes para a implantação da linha férrea e outros fatos fundamentais para a compreensão do desenvolvimento das obras de construção da linha e das construções que lhe complementavam o funcionamento. Essa seleção proporciona aos leitores em geral e aos estudiosos do tema, ao lado do próprio texto principal, material para o desenvolvimento da continuidade dos estudos sobre a ferrovia.
CAFÉ, FERRO E ARGILA contribui com um amplo espectro de informações e análises. É produto da conjunção das várias formas de estudo do ambiente construído preconizado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. De fato, confronta análises relativas a História da Técnica e História da Arquitetura, Economia e organização empresarial, Engenharia e Arquitetura Ferroviárias. Esta formulação interdisciplinar talvez seja uma das maiores contribuições do presente trabalho, mas não podemos desconhecer aspectos muito importantes analisados pelo autor.
CAFÉ, FERRO E ARGILA inicialmente discute a formação das ferrovias britânicas, que seriam o modelo para a implantação de ferrovias no Brasil, em especial a linha ligando São Paulo a Jundiaí. As construções e os equipamentos ferroviários desenvolvidos na Grã-Bretanha serão encontrados posteriormente na linha construída na Serra do Mar possibilitando a amortização dos investimentos no desenvolvimento da tecnologia e a base industrial da metrópole. A discussão das manifestações de interesse na implantação de ferrovias no Brasil por parte de grupos de empresários e os primeiros investimentos efetivamente concretizados tornam claro o contraste com a consistência do empreendimento da “Ingleza”, em termos de retaguarda financeira, organização administrativa e avanço tecnológico. Os benefícios proporcionados pela pioneira linha entre o Porto de Santos e Jundiaí e, posteriormente, pela continuidade da rede férrea em direção às regiões agrícolas de São Paulo são bem conhecidos, mas seu entendimento poderá ser alcançado, com maior acuidade, a partir da presente obra. A análise das estações da linha, uma vez estabelecida a tipologia que as caracteriza, bem como dos diversos edifícios destinados a outras funções vinculadas à linha, proporciona um quadro da sua arquitetura e o reconhecimento de técnicas construtivas que serão incorporadas à arquitetura paulista.