JOSÉ DO PATROCÍNIO (1853-1905)

José do Patrocínio (1853–1905) foi um dos mais destacados jornalistas, escritores e líderes abolicionistas do Brasil oitocentista.

Nascido em Campos dos Goytacazes, filho de uma mulher negra escravizada e de um padre, formou-se em Farmácia no Rio de Janeiro, mas encontrou no jornalismo o espaço privilegiado para exercer a militância que marcaria a sua trajetória pública. Dotado de retórica poderosa e escrita incisiva, tornou-se figura de referência na imprensa da capital imperial, atuando em periódicos como a “Gazeta de Notícias” e fundando “A Cidade do Rio”, jornal a partir do qual conduziu algumas das campanhas mais contundentes contra a escravidão.

Patrocínio aliou a intervenção jornalística a uma produção literária diversificada, que inclui romances, crónicas e textos de crítica social. Entre suas obras mais conhecidas destacam-se “Mota Coqueiro ou A Pena de Morte” (1877), inspirado num célebre caso judicial; “Os Retirantes” (1880), retrato dramático das tragédias sociais provocadas pela seca no interior do país; além de textos como “Os Voluntários da Pátria” e inúmeros discursos, folhetins e ensaios que reforçam o seu talento narrativo e o seu compromisso moral com as causas públicas.

Figura central do abolicionismo, atuou em clubes cívicos, mobilizou multidões e foi presença constante nos debates parlamentares e nas ruas, contribuindo decisivamente para o ambiente político que levou à abolição da escravatura em 1888. Após a proclamação da República, enfrentou períodos de tensão política, dificuldades financeiras e sucessivas perdas de influência, mas manteve-se ativo como escritor e jornalista até à sua morte, em 1905.

Hoje, José do Patrocínio permanece como um símbolo da luta pela liberdade, modelo de intervenção intelectual e um dos nomes fundamentais da história cultural e política brasileira.

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